
A dermatologia veterinária é uma especialidade de grande importância na clínica veterinária, com uma casuística ampla e diversificada que pode corresponder a aproximadamente 60 % da rotina médica de pequenos animais.
As dermatopatias podem ter diversas origens: alérgica, parasitária, bacteriana, fúngica, doenças autoimunes, endócrinas com reflexo cutâneo, dermatites psicogênicas, neoplasias, além de quadros secundários ou infecções oportunistas. Nem sempre as lesões de pele não são características de determinada doença, tornando um diagnóstico preciso difícil e sendo necessário a realização de exames laboratoriais para confirmação da causa da doença.
Existem vários tipos de exames indicados para o diagnóstico das dermatopatias como exames diretos para pesquisa de ectoparasitas ou microrganismos, culturas bacterianas e fúngicas, testes alérgicos e exames hormonais. Porém a biópsia de pele e sua análise histopatológica é um dos exames mais indicados para se identificar as lesões de base, diagnosticar doenças de etiologia imunológica e propor diagnósticos diferenciais, além de auxiliar o clínico veterinário na conduta terapêutica das lesões cutâneas.
O exame dermatohistopatológico fornece uma série de vantagens ao clínico médico.
- Elucidação de dermatites especificas.
- Avaliação do perfil inflamatório e sua diferenciação em subgrupos dermatológicos.
- Avaliação de dermatopatias alérgicas.
- Pesquisa de agentes infecciosos.
- Colorações especificas para dermatopatias de armazenamento e parasitárias.
- Ótima relação custo benefício.
A biópsia cutânea acompanhada de informações pertinentes permite uma correlação macro e microscópica que resulta em diagnósticos precisos. Por isso a requisição de exame devidamente preenchida com todos os dados e informações sobre o quadro clínico do paciente é muito importante e muitas vezes decisiva na definição do diagnóstico.
Acompanhe alguns casos:
CASO 1: Canino com lesão dermatológica crônica, aspecto pruriginoso, com esfoliação e formação de crostas.
Dermatite hiperplásica com áreas de hiperqueratose compactada, alternando a presença de estruturas fúngicas – Malassezia spp. na derme reação alérgica crônica mediada por mastócitos.
Fragmento histopatológico de epiderme hiperplásica e intensa hiperqueratose, lesão comumente observado em pacientes alérgicos em fase crônica.
O exame histopatológico confirma diagnóstico de atopia com quadro de seborreia secundaria e intensa malasseziose associada.
CASO 2: Felino com lesão periocular bilateral, aspecto pruriginoso, focos exsudativos e áreas de crostas peri auricular e peri ocular.
Avaliação histopatológica de lesão pustular intra epidérmica, caracterizada pela presença de numerosas células acantolíticas e focos supurativos. Lesão histopatológico patognomônica de pênfigo foliáceo – acantólise de origem imunológica.
O Exame histopatológico confirmou o quadro de Complexo Pênfigo Foliáceo Felino, com lesão peri ocular bilateral, aspecto crosto, exsudativo e traços de fragilidade cutânea.
CASO 3: Cão apresentando lesão alopécica progressiva, associado a focos de esfoliação e formação de cilindros foliculares (Plugs pilosos – imagem da direita).
Avaliação histopatológica destacando estruturas glandulares sebáceas desorganizadas, compactadas e permeadas por raros linfócitos. A destruição das glândulas sebácea é patognomônica de adenite de glândula sebácea.
Caso 4: Cão jovem apresentando lesão em placa elevada, envolvendo a face do paciente.
Avaliação histopatológica destaca densa reação inflamatória piogranulomatosa, envolvendo o resquício de um folículo piloso. Destaca-se ao centro do granuloma presença de estruturas fúngicas – filamentosas/hifas, compatíveis com Microsporum spp. O granuloma focal induzido por Microscoporum spp é conhecido como dermatofitose nodular e/ou Quérion dermatofitico.
Caso 5:
Levedura fúngica individualizada e marcada pelo método de ácido periódico de schiff (PAS) – tamanho intermediário a grande, sugestivo de Cryptococcus spp.