Em decorrências de anormalidades funcionais ou estruturais da glândula tireoide, pode ocorrer à diminuição da produção dos hormônios tireoidianos, ocasionando o hipotireoidismo, que é a endocrinopatia mais comum em cães, em geral cães adultos, sendo considerada rara em gatos. Esta doença resulta em diversas manifestações clínicas, onde o animal desenvolve quadro clínico caracterizado por diminuição generalizada da atividade metabólica celular, por conta da diminuição dos hormônios tireoidianos circulantes.
Os achados mais comuns incluem anormalidades dermatológicas, queda de pelo, ganho de peso, letargia, fraqueza, intolerância ao exercício, sonolência, bradicardia, fraqueza generalizada e algumas alterações comportamentais.
Estes sintomas são considerados inespecíficos e de evolução lenta, por isso o tutor pode demorar a perceber que seu pet está com descontrole hormonal. Na maioria das vezes, o tutor leva o paciente à consulta veterinária por conta de alterações de pele, onde normalmente é a anormalidade mais observada em cães com hipotireoidismo.
Os sinais cutâneos clássicos incluem a famosa ‘’cauda de rato’’, perda de pelo bilateral, simétrica no tronco, não pruriginosa (no caso de ausência de infecção secundária), pode ocorrer também a hiperpigmentação de pele, pelame seco, quebradiço e seborreia.
Alterações cutâneas são inespecíficas e na suspeita de alopecia endócrina pode-se solicitar a biópsia de pele. Neste exame existem achados que podem sugerir endocrinopatia, como o espessamento da derme, aumento do conteúdo dérmico de mucina e vacuolização, além de hipertrofia dos músculos eretores do pelo. Porém este exame não fecha o diagnóstico isoladamente, sendo necessários outros exames complementares.
O diagnóstico desta doença é complexo, antes de iniciar o tratamento deve-se excluir causas não tireoidianas, pois existem vários fatores interferentes, como medicamentos que podem similar o hipotireoidismo, pois reduzem os níveis dos hormônios tireoidianos circulantes.
Em exames de rotina pode-se observar anemia discreta, altos níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue.
No exame de ultrassonografia pode-se observar diminuição significativa da tireoide, porém há variação de acordo com a raça e tamanho do paciente.
O diagnóstico definitivo necessita da combinação de testes de função tireoideana, para avaliar a capacidade da tireoide de produzir os hormônios, com isso terá uma conclusão altamente confiável. Os testes endócrinos utilizados para tal avaliação são:
- Dosagem do T4 total, que é todo o T4 total circulante, sendo a fração ligada proteína e a fração livre;
- Dosagem do T4 livre, que é a fração não ligada a proteína, este é mais sensível e menos influenciado por doença e fármacos;
- Dosagem do TSH, que pode estar aumentado, consequência da diminuição do T4.
Os testes de avaliação e acompanhamento do paciente podem variar de acordo com a conduta do médico veterinário e dos sintomas do paciente. Algumas literaturas sugerem realizar as dosagens de T4 total e TSH a cada 4-8 semanas após o início do tratamento, nos primeiros 6-8 meses e, depois, 1 a 2 vezes ao ano. A coleta de sangue deve ser realizada após 4-6 horas da administração do medicamento.
Quando o hipotireoidismo é diagnosticado, é necessária a terapia medicamentosa por toda a vida do paciente, através da suplementação oral de hormônios tireoidianos. O objetivo do tratamento é normalizar as dosagens dos hormônios T4 total e de TSH. Em pouco tempo do início da terapia, pode-se perceber melhora significativa no quadro clínico do paciente. As manifestações cutâneas também melhoram porém de forma mais lenta.
O hipotireoidismo não é uma doença grave, mas o diagnóstico e tratamento são importantes para proporcionar qualidade de vida e bem estar ao peludo que sofre desta desordem endócrina, por isso ao perceber mudanças de comportamento ou qualquer sintoma descrito é preciso investigar!
Gostou deste conteúdo? Siga nossas páginas nas redes sociais – estamos no Instagram, no Facebook e no Linkedin